Testemunhas viram menino com colete no comando do veículo.
Apresentação dos envolvidos será nesta quinta (23), às 16h.
O advogado Maurimar Bosco Chiasso, contratado pela família do adolescente de 14 anos suspeito de pilotar e atropelar com um jet ski a menina Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, na tarde de sábado (18), na areia da praia de Guaratuba, em Bertioga, litoral de São Paulo, disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (20) que o garoto ligou o veículo, mas não o pilotava. A criança chegou a ser socorrida pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, mas não resistiu.
“Ele deu a partida inadvertidamente, sem conhecimento do funcionamento da máquina. Foi quando o jet ski se projetou para a praia, sem piloto. Foi a primeira e única vez que ele ligou o aparelho”, afirmou Chiasso. De acordo com o relato de testemunhas, no entanto, o menino estava usando colete salva-vidas e pilotando o jet ski antes de atingir a criança. O veículo foi apreendido pela polícia e será periciado.
Segundo Chiasso, o equipamento de segurança do jet ski não funcionou, pois deveria fazê-lo rodopiar nesse caso, e não partir para a frente. “Pode ter havido um dano mecânico. Foi um fatídico acidente”, destacou.
O advogado explicou que, na hora do ocorrido, os pais do adolescente estavam em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, onde a família vive, e o garoto estava sob a responsabilidade dos padrinhos, que na ocasião se encontravam em um condomínio de luxo próximo à praia. O menino estaria, portanto, sem a supervisão de um adulto.
“O jet ski pertence aos padrinhos e foi colocado na água por um funcionário”, disse Chiasso. De acordo com ele, o adolescente estava com um colega, mas ainda não se sabe quem ele é. Além disso, o advogado informou que o garoto não fugiu após o acidente, mas se desesperou. A família do menino está tentando contato com os parentes da vítima, segundo Chiasso.
Apresentação dos envolvidosO delegado plantonista da Delegacia de Polícia de Bertioga, Marcelo Rodrigues, disse na tarde desta segunda-feira que as investigações foram iniciadas e que os envolvidos vão depor nesta quinta-feira (23), a partir das 16h. Devem comparecer o adolescente, os pais e os padrinhos.
“Tudo será esclarecido, mas ainda é precipitado ter uma conclusão concreta, pois as provas são iniciais”, afirmou. Segundo Rodrigues, a preocupação inicial era socorrer a vítima. “Se ficar provado que ninguém participou do ocorrido, o adolescente será punido por ato infracional, já que é menor de idade”, informou. A pena, nesse caso, será decidida por um juiz.
Quem entregou o jet ski para o garoto também pode ser responsabilizado por homicídio culposo ou até doloso, de acordo com Rodrigues. “O responsável é o dono do jet ski. O adolescente não tinha idade, habilitação nem condições para pilotar”, disse.
Socorro à vítima
A menina Grazielly havia chegado a Bertioga na sexta-feira (17) com um grupo de dez pessoas, entre familiares e amigos, da cidade de Artur Nogueira, a 145 km de São Paulo. Era o primeiro passeio dela na praia.
Grazielly fazia castelos de areia com a mãe na praia quando foi atropelada pelo veículo em alta velocidade que saiu da água. O adolescente, segundo testemunhas, fugiu do local sem prestar socorro.
Durante 30 minutos, socorristas tentaram reanimá-la. Grazielly foi resgatada pelo helicóptero da Polícia Militar, mas chegou morta ao Hospital Municipal de Bertioga. Ela foi enterrada na manhã desta segunda, em Artur Nogueira.
A Capitania dos Portos de São Paulo instaurou um inquérito administrativo sobre acidentes e fatos de navegação, com prazo de conclusão de até 90 dias. O comandante Gerson Rodrigues informou à reportagem do SPTV que 50 homens do órgão patrulham as praias paulistas no verão – até agora, mais de 500 embarcações foram vistoriadas. Ainda segundo Rodrigues, o maior problema em relação ao jet ski é a irresponsabilidade dos pais, que deixam filhos menores de idade pilotarem o equipamento.
Para dirigir um jet ski, é preciso ser maior de idade e ter uma autorização especial da Capitania dos Portos. Alguns modelos chegam a atingir 150 km/h. Por causa de acidentes, o aluguel de aparelhos já foi proibido em cidades litorâneas paulistas, como no Guarujá.
Diz a mãe da menina:
A mãe da menina de 3 anos morta após ser atropelada por um jet ski em Bertioga, no litoral norte de São Paulo, pede justiça nas investigações do caso e diz que foi colocado um "brinquedo assassino nas mãos de um adolescente". Cirleide Rodrigues de Lames conta que a filha estava muito feliz no primeiro passeio dela na praia. Grazielly Almeida brincava na areia na praia de Guaratuba próximo ao mar com a mãe quando o veículo desgovernado que saía da água a atingiu na tarde de sábado (18). "Foi tudo muito rápido e não houve tempo para salvar minha filha."
"Se eu tivesse visto ele vindo de longe, teria tentado fazer alguma coisa, me jogado na frente... Mas não deu tempo", relata a mãe. Segundo os pais, era um sonho da criança visitar o litoral. "Fazia tempo que ela estava pedindo pra ir para a praia. Ela estava tão feliz, se divertindo muito", conta Cirleide Lames.
"É dolorido perder uma criança tão maravilhosa e especial. Até agora eu não acredito que isso aconteceu com a minha filha. É difícil saber o que aconteceu", completa o pai da menina, Gilson Almeida.
O corpo de menina foi enterrado na manhã desta segunda-feira (20) em Artur Nogueira, no interior de São Paulo, cidade onde a criança morava com os pais. A garota havia chegado ao litoral na sexta-feira (17) junto com um grupo de dez pessoas, entre familiares e amigos, de Artur Nogueira.
A família diz estar inconformada com a imprudência e a falta de ajuda do piloto, apontado pela Polícia Civil como um adolescente de 14 anos, e da família dele, que estava hospedada em um condomínio de luxo em frente à praia.
"Eles não prestaram nem socorro, como se nada tivesse acontecido. Vai ser difícil saber que eu levei a minha menininha para realizar um sonho e voltei sem ela por causa de uma irresponsabilidade", conta a mãe da menina.
O tio de Grazielly, Edilei Rodrigues de Lames, também diz estar revoltado com a falta de prestação de socorro ou ajuda do piloto e pede mais rigidez nas regras para quem pilota um jet ski. "Nós estávamos com outras famílias com crianças e muitos pais pensaram que o acidente podia ter acontecido com algum filho deles. É uma angústia no coração pensar que nós não estamos imunes a isso", defende. A avó da menina passou mal durante o velório e precisou ser medicada.
Socorro
Durante 30 minutos socorristas tentaram reanimar a menina. Ele foi resgatada pelo helicóptero da Polícia Militar, mas chegou morta ao Hospital Municipal de Bertioga. A funcionária pública Sandra Regina Stuchi, que estava no local, diz que o piloto perdeu o controle do jet ski muito próximo à praia. "Quando a gente viu, ele já estava em alta velocidade perto dos banhistas", explica.
Investigações
O piloto, segundo a Polícia Civil de Bertioga, era um adolescente de 14 anos. Ele estava com outro menor no equipamento e os dois serão chamados para prestar depoimento junto com os responsáveis. De acordo com a família, o piloto fugiu sem prestar socorro. Ele estava em um condomínio de luxo em frente à praia onde aconteceu o acidente.
Para pilotar, é preciso ter a Carteira de Arrais Amador, habilitação para navegação amadora e documento obrigatório para quem deseja conduzir embarcações de esporte motorizadas. O jet ski foi apreendido para perícia.
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