sexta-feira, 4 de maio de 2012

Adolescente baleado no Alemão recebe alta, mas, com medo, não vai para casa

Cinco dias após ser baleado entre as comunidades da Fazendinha e Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio,Evandro Luciano de Oliveira, de 15 anos, recebeu alta nesta sexta-feira (4) do hospital Salgado Filho, no Méier. Apesar do alívio, o adolescente não está em casa. A família, que acusa PMs pelo crime, tem medo e está vivendo na casa de parentes.Por causa do ferimento, que atingiu um nervo, Evandro está sem movimento na mão esquerda. Segundo a família, o menino terá que passar por uma nova cirurgia para reconstituir o nervo atingido após se recuperar da primeira operação. Apesar das dores, Evandro diz que estava com muita saudade de casa.- Eu ainda estou sentindo muita dor, mas queria estar com a minha família. Eu senti muita falta dos meus amigos. A comida do hospital era ruim, eu só comia as frutas e bebia muita água.
Evandro também admitiu ter medo da polícia. Ainda assustado, ele contou como foi baleado.
Eu estava no beco com o dinheiro para ir na quitanda comprar banana. Os PMs vieram e um deles gritou para ninguém se mexer. Eu e mais uns cinco garotos ficamos parados. Eles atiraram quatro vezes e um tiro acertou em mim. Todos os outros meninos correram. O PM perguntou para mim de onde partiu o tiro. Eu disse que tinha sido eles e ele me disse “pega a tua reta e mete o pé”.O adolescente contou também que um rapaz que tentou ajudá-lo foi ameaçado pelos PMs.
Ele disse que mataria o garoto se ele me ajudasse. Depois, um deles falou que era pra ter descarregado a arma em mim.Evandro contou que quatro policiais participaram da incursão, mas reconheceu apenas dois. Ele foi levado para casa por amigos e familiares procuraram socorro. No hospital Salgado Filho, ele passou por cirurgia. Uma veia foi retirada da virilha e colocada na altura do ombro do menino. Ele está com pontos na virilha e no peito, por onde a bala atravessou.
O irmão do menino contou que a família está com medo dos policiais.
A gente não confia neles. A PM chega aqui para nos proteger e faz uma coisa dessas. O nosso sentimento é de revolta e raiva.O caso está sendo investigado pela Delegacia da Penha (22ª DP). A PM também instaurou um procedimento para apurar os fatos.


 
alemão
Após cinco dias no hospital, Evandro reencontrou os amigos no morro da Fazendinha

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