terça-feira, 27 de setembro de 2011

Oficial preso por morte de juíza é suspeito de integrar grupo de extermínio, diz delegado

Tenente-coronel estava prestes a ser preso por ordem de juíza assassinada
O delegado da DH (Divisão de Homicídio), Felipe Ettore, que investiga o assassinato da juíza Patrícia Acioli, disse nesta terça-feira (27) que o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira mandou matar a magistrada porque ela investigava o oficial por envolvimento em execuções de grupo de extermínio e corrupção na região de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
TJ: suspeitos devem cumprir pena fora do Rio
Juiz que substituiu juíza tem segurança reforçada
- Ele [Oliveira] encomendou [a morte] aos seus subordinados como uma forma de afastar uma possível prisão que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Ela estava no encalço por corrupação e execuções. Ele foi o autor intelectual. A juíza gostaria de prendê-lo, e buscava elementos que comprovassem a participação dele em crimes.
Oliveira comandava o Batalhão de São Gonçalo (7º BPM) na época em que Patrícia foi morta. Ele, que estava à frente do Batalhão da Maré (22º BPM), zona norte do Rio, foi exonerado nesta terça.
Preso na madrugada desta terça, o ex-comandante diz que é inocente.
- Eu acredito na Justiça. Sou inocente e tenho certeza que isso será provado.
Ettore disse que deve concluir o inquérito no prazo de 15 dias. Segundo o delegado, ainda faltam alguns depoimentos para a conclusão das investigações. Na tarde desta terça, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-comandante.
Ex-oficial apresentava redução de criminalidade
De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o ex-comandante apresentava bons índices de redução de criminalidade na área do 7º BPM. Oliveira foi substituído do 7º batalhão no último dia 2 pelo coronel Djalma Beltrami. No entanto, Beltrame disse que a troca do oficial não teve relação com a suspeita de envolvimento no assassinato da juíza.
- O Claudio já demonstrava bons resultados tanto no 7º BPM tanto quando à frente do 22º BPM.
O presidente da Amaerj (Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro), Antônio Cesar de Siqueira, lamentou o fato de o mandante do crime fazer parte do alto escalão da Polícia Militar.
- O Rio de Janeiro tem que lamentar profundamente que pessoas que ocupam cargos de comando na Polícia Militar estejam envolvidas em um ataque tão grave à democracia brasileira. Isso é inaceitável.
O juiz Peterson Barroso Simões decidiu decretar a prisão do tenente-coronel Oliveira após ouvir o depoimento de um dos dois cabos presos. O cabo, que estaria ameaçado de morte, resolveu contar tudo e participar de uma antecipação de prova, obtendo o direito à delação premiada (que inclui provável redução de pena).
Ele teria dito que usou duas pistolas no crime. A perícia da Polícia Civil constatou que Patrícia foi assassinada com 21 tiros de pistolas 40 e 45 e de revólver 38. De acordo com a investigação, as munições usadas no crime foram desviadas do 7º BPM.
A chefe de Polícia Civil, a delegada Martha Rocha, disse que, das 700 armas recolhidas no 7º BPM para perícia, 380 já foram analisadas por técnicos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli). Os revólveres e pistolas calibres 38 e 40 passam por exame de confronto balístico para tentar descobrir quais armas foram usadas no assassinato da juíza Patrícia Acioli.
Prisão temporária em Bangu 8
O ex-comandante deve cumprir prisão temporária em Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, zona oeste do Rio. Ele teve a prisão decretada com outros seis policiais militares, também suspeitos de participar da morte da juíza. Segundo a assessoria de imprensa da PM, todos os envolvidos foram presos.
Os outros seis PMs, que atuavam no 7º BPM sob comando do coronel Oliveira , faziam parte do GAT (Grupamento de Ações Táticas) e também são suspeitos de forjar um auto de resistência para acobertar a morte de Diego Belieni, 18 anos, morador do morro do Salgueiro, em São Gonçalo, em junho deste ano.
Outros três policiais militares, detidos no dia 12 de setembro, já estão presos por suspeita de participação na morte da juíza e no assassinato do jovem do Salgueiro. O tenente Daniel Santos Benitez Lopes e os cabos Sérgio Costa Júnior e Jeferson de Araújo Miranda estão em unidades prisionais diferentes para evitar que combinem versão para depoimentos futuros. Com as novas prisões, sobe para dez o total de suspeitos.

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